RIO/ SÃO PAULO – Depois dos aeroportos e rodovias, é a vez do petróleo e do gás. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) promove hoje o terceiro leilão de petróleo e gás de 2013. A partir das 9h, terá início a 12.ª Rodada de Licitações, a primeira voltada para o desenvolvimento das reservas brasileiras de gás em campos em terra.
A concorrência reunirá sete bacias sedimentares nos Estados do Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná e São Paulo. Apesar da expectativa criada em torno da concorrência, uma série de incertezas afastou investidores.
O potencial de descoberta dos chamados recursos não convencionais de óleo e gás levou a concorrência a ser chamada de leilão do gás de xisto (shale gas), em alusão à exploração do shale gas nos Estados Unidos – o termo correto é gás de folhelho. A revolução energética provocada shale gas nos EUA, que reduziu fortemente o preço do insumo, criou a expectativa de um movimento parecido no Brasil.
Apesar do otimismo, o leilão é cercado por incertezas do ponto de vista comercial, ambiental e regulatório. Um dos pontos mais polêmicos diz respeito à técnica usada para exploração dos recursos não convencionais. O procedimento de fraturamento do solo usa a injeção de água misturada com produtos químicos, gerando risco de contaminação dos lençóis freáticos. A técnica de fraturamento hidráulico não é regulamentada no Brasil.
Além disso, estudo produzido por órgãos do governo concluiu que alguns blocos se sobrepõem a unidades de conservações ambientais e a reservatórios de hidrelétricas, além de estarem próximas de áreas indígenas.
No lado comercial, a venda de gás para a geração de energia elétrica é vista como a melhor opção para monetizar as reservas a serem descobertas, já que os blocos estarão localizados longe dos principais gasodutos do País. Com a termoelétrica construída na boco do poço, os investidores podem tirar vantagem da alta capilaridade da rede de transmissão de energia elétrica. O risco desse plano é que as térmicas a gás não têm sido bem-sucedidas nos leilões de energia do governo, perdendo muito espaço para eólicas.
“O movimento da ANP é correto, mas não é o melhor momento para realizar a licitação”, disse o presidente do Conselho de Administração da consultoria Gas Energy, Marco Tavares. Das 21 empresas qualificadas para o leilão, 12 apresentaram garantias. Na lista, há gigantes como Petrobrás, Shell e Total.
(Fonte: Estadão)