O governo prepara para agosto um novo leilão de frequências para a telefonia celular de quarta geração (4G). As novas licenças vão funcionar na faixa de 700 MHz, ocupada pela TV aberta analógica. Por ser mais baixa que os 2.500 MHz que vêm sendo usados atualmente para a 4G, a nova faixa deve permitir uma cobertura melhor, com menos antenas.
Mas as operadoras, que estavam ávidas pelo leilão, já não estão. No mês passado, o SindiTelebrasil pediu o adiamento por 60 dias do cronograma da licitação da faixa de 700 MHz. Na semana passada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o regulamento sobre interferência entre 4G e TV digital (que vão funcionar em faixas vizinhas) e o edital do leilão, previsto para agosto.Esses documentos ainda vão passar por consulta pública, a partir de 2 de maio. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também pediu adiamento do processo.
Uma questão que preocupa as operadoras é a fome arrecadatória do governo, que conta com a ajuda do leilão para cumprir sua meta fiscal. A expectativa de arrecadação passou de R$ 6 bilhões para R$ 14 bilhões. Para comparar, foram arrecadados R$ 2,9 bilhões com a licitação da 4G em 2012.
A faixa de 700 MHz é a principal da 4G nos Estados Unidos. Turistas que vêm de lá ainda não conseguem usar o serviço por aqui. A 4G americana funciona na faixa que antes era ocupada pela TV aberta analógica. No Brasil, o decreto presidencial com as regras da TV digital determinou que o sinal analógico será desligado em 2016. Com a licitação, o governo propõe flexibilizar esse prazo, adiantando-o em cidades que tiveram transmissões digitais antes, como São Paulo, e atrasando-o em cidades menores.
Em fevereiro, a maioria dos celulares em operação no Brasil ainda era de segunda geração, com 56% de participação. A 3G tinha 37% e a 4G somente 0,7%, o que representava um total de 1,8 milhão de acessos.
(Fonte: Estadão)