Sandra Botana, diretora da empresa especializada RHS Licitação, já sente o aumento de procura por treinamento e informações sobre compras públicas. Ela acredita que esse movimento é saudável para as empresas, que acabam ficando com um perfil melhor de negócio, apoiado na diversificação.
Ela informa que o empresário interessado no setor deve iniciar aprendendo o sistema das compras públicas, principalmente os pregões eletrônicos. Eles funcionam como “bolsas de apostas” invertidas, onde as melhores propostas saem vencedoras. A especialista lembra que tudo é simples, sem grande burocracia. No site do Ministério do Planejamento (www.planejamento.gov.br), há o link “Licitações”, no qual podem ser encontradas várias informações.
– A primeira coisa é se cadastrar nos principais sites de pregão do Brasil: o Comprasnet, do governo federal, o BEC, do governo estadual paulista, e o do Banco do Brasil, utilizado por muitas prefeituras – disse Sandra.
Ter organização é um requisito importante
A empresária lembra que sua companhia já está treinando, por ano, 20 mil interessados em licitações. A maior parte deles chega ainda temeroso da credibilidade do sistema e do pagamento do governo. Mas ela lembra que isso é coisa do passado, pois hoje há muito mais transparência.
– Para aproveitar esse mercado é preciso ter uma empresa muito organizada, com boa contabilidade e impostos em dia – afirmou Alexandre Nunes Rosa, sócio da MRS Estudos Ambientais, sediada em Brasília.
Sua empresa, que hoje tem 50% do faturamento oriundos de compras públicas, utiliza os contratos com o governo como forma de manter estabilidade no mercado. Ele lembra que, por tratar de licenciamento ambiental, muitas empresas privadas acabam engavetando projetos, o que reforça a necessidade de ter uma boa fatia de negócios com o Estado.
– Só que, para não sair no prejuízo, é preciso ter um bom capital de giro, pois o governo paga em dia, mas o dia dele é 30 dias após a primeira entrega de relatório do contrato. Ou seja, é necessário fôlego, pois muitas vezes o recebimento fica para até 60 dias após o início do contrato – disse Nunes Rosa.
O gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, lembra que as licitações sempre são boas oportunidades, mas alerta que as empresas precisam ter muito claro que é preciso ter estrutura para o negócio, inclusive com uma boa planilha de custos, para evitar ofertas de preços não compensadores.