Câmara Federal debate criação de lei de licitações modernizada

10 de Março de 2018

Foi criada nesta semana uma comissão na Câmara dos Deputados para analisar mudança profunda na Lei 8.666, de 1993, a chamada Lei das Licitações, legislação alvo de críticas de gestores públicos pelo excesso de burocracia e falta de modernização.

A ideia do projeto, registrado pelo Senado, é que seja criada nova legislação que englobe a atual norma que rege as licitações, o RDC (Regime Diferenciado de Contratações Públicas) e a Lei do Pregão (10.520/2002).

O texto que está sendo analisado pela comissão, chefiada pelo deputado João Arruda (MDB-PR), vai estipular as novas regras válidas para as administrações direta e indireta da União, Estados e municípios. Não há prazo para conclusão do estudo.

A medida também será aplicada para ações administrativas do Legislativo e do Judiciário, fundos especiais e outras entidades controladas pela administração pública.

A proposta, por sua vez, regula a alienação e a concessão de direito real de uso de bens, compras, locações, concessões e permissões de uso de bens públicos.

Fazem parte da lista ainda a prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados, a aquisição ou locação de bens e serviços de tecnologia da informação e comunicação e as obras e serviços de engenharia.

Por outro lado, ficam de fora da proposta os contratos de operação de crédito e gestão da dívida pública, contratações regidas pela Lei de Responsabilidade das Estatais e outras contratações com legislação própria.

Na visão de Marcos Vinicius Macedo Pessanha, especialista em Direito Constitucional, a aprovação do projeto traria mais agilidade ao poder público. “Caso a lei tenha aprovação representará um avanço grande. Isso acontece pois será criada uma jurisprudência adequada a diversos entendimentos do TCU (Tribunal de Contas da União) e dos tribunais de contas estaduais, principalmente relativa ao credenciamento de empresas e elaboração de lista de preços”, explicou o especialista.

Pessanha ressaltou também que as mudanças serviriam para atualizar o marco regulatório das contratações públicas. “Hoje temos conceitos ultrapassados, controles que muitas vezes não atingem seu objetivo principal. Essas limitações acabam dificultando a administração pública de uma maneira geral”, prosseguiu.

O especialista ainda destacou que o relacionamento entre a gestão pública e a iniciativa privada “deveria ser mais saudável”. “O setor privado pode colaborar muito, apesar de observarmos em muitos casos a captação do interesse público pelo privado, seja na concepção de uma licitação ou em um edital defeituoso. Esperamos que a alteração na lei melhore a atenção de todos quanto a esses problemas”, alertou.

O novo projeto adiciona também os princípios de eficácia, motivação, segurança jurídica, razoabilidade, competitividade, proporcionalidade, celeridade, economicidade e sustentabilidade no processo de contratação de empresas por entes públicos.

Outro ponto destacado pela proposta é que atos administrativos com algum erro considerado de menor gravidade poderão ser resolvidos ao fim do processo, da mesma forma que ocorre no RDC. A comissão de licitação terá autonomia para sanar esses problemas, sem que o certame seja cancelado.

A medida dispensa o reconhecimento de firma e prioriza os atos eletrônicos, o que permite ao agente da licitação comprovar a autenticidade das cópias de documentos por meio de assinatura eletrônica.

O Diário mostrou em fevereiro que o número de licitações paralisadas tem causado preocupação ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). Na ocasião, o conselheiro Sidney Beraldo pontuou que a maioria dos pedidos feitos por empresas ou cidadãos acaba sendo procedente e que mais de 90% das licitações têm problemas.

Fonte: Diário do Grande ABC

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