Há dois dias, em Washington, o general C.R. Davis, um dos principais oficiais envolvidos no processo de aquisições da USAF, disse que a Força vai invocar o direito de manter as providências no ritmo previsto, considerado o interesse nacional no programa.
O general Davis anunciou a assinatura do contrato formal com a Sierra Nevada e desta organização com a Embraer Defesa e Segurança. O consórcio ganhou essa concorrência duas vezes. A primeira, foi em dezembro de 2011. A então Hawker-Beechcraft ingressou com uma contestação judicial da decisão. Tentando evitar uma longa batalha nos tribunais, a USAF cancelou a seleção e abriu um novo procedimento. E convidou apenas os dois participantes originais.
Confiança. Ontem, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, destacou que a interrupção temporária da venda dos A-29 Super Tucano para a aviação militar americana, é um procedimento padrão. “Vamos levar desta vez”, disse Aguiar. “Temos absoluta segurança do processo que foi feito. Foi muito rígido, muito severo”, completou.
Entre os argumentos da derrotada Beechcraft está o de que a assinatura do contrato com uma empresa fora dos EUA prejudicará a americana e pode levar à perda de 1,4 mil empregos no país.
Aguiar contesta esse argumento, destacando o fato de que a Embraer gerou, nos EUA, cerca de 800 empregos diretos desde 2008 e hoje emprega cerca de 1,7 mil pessoas. “A Beechcraft demitiu cerca de 5 mil pessoas desde 2007 e transferiu a sua produção dos EUA para o México, descontinuando, assim, cinco modelos que já foram líderes desse mercado. Não resta dúvida de quem é que tem a capacidade de crescer”, concluiu. E alfinetou a rival: “Tem de saber reconhecer a derrota, faz parte do jogo.”
De acordo com o executivo, os trabalhos visando o fornecimento dos Super Tucanos para a Força Aérea Americana estão sendo mantidos particularmente no setor de planejamento da produção. A primeira entrega está marcada para o segundo semestre do ano que vem.
Em São Paulo, o presidente do Conselho de Administração da Embraer, Alexandre Silva, afirmou que espera uma rápida conclusão dos questionamentos enfrentados pela companhia nos Estados Unidos. “A nossa expectativa é muito favorável”, disse, após evento com empresários da Câmara Americana de Comércio (Amcham).
O T-6, produto da Beechcraft, ainda está em desenvolvimento e não se enquadrou nos requisitos do programa LAS. O Super Tucano, por sua vez, é usado atualmente por forças de nove países e acumula pouco mais de 180 mil horas de voo, das quais cerca de 28,5 mil cumprindo missões de combate.
Toda a frota em atividade soma 172 turboélices de ataque e treino. A aeronave emprega 130 diferentes configurações de armamento. Na configuração Grifo, definida pela aeronáutica da Colômbia, o A-29 realizou perto de 30 ações de bombardeio real contra alvos da guerrilha.
Por: ROBERTO GODOY , LUCIANA COLLET
(Fonte: O Estado de S.Paulo)